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Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas

  • Foto do escritor: Daiane Kinona dos Reis Borges
    Daiane Kinona dos Reis Borges
  • 7 de mai. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 17 de mai. de 2018

Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas foi uma obra publicada clandestinamente por Inocêncio Francisco da Silva, no ano de 1854, quase 50 anos após a morte de Bocage.



Em 1853, Inocêncio Francisco da Silva publicou a obra completa de Bocage, dividida em seis volumes. No ano seguinte publicou o livro mais proibido da literatura portuguesa: Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas, pois Inocêncio Francisco acreditava que a obra de Bocage não estava publicada na íntegra. Na tentativa de ludibriar as forças repressivas que eram contrárias ao teor erótico e satírico, a obra foi publicada clandestinamente.

Nosso autor apresentava um domínio rítmico com um grande despudor. Mas, esse talento não era reconhecido por muitos escritores da época, por isso várias obras satíricas foram atribuídas a Bocage, somente pela necessidade da obra de apresentar uma autoria. Algumas pessoas creditam os poemas a seguir ao autor Abade de Jazente, mas estas obras estão publicadas oficialmente como se fossem assinadas por Bocage.



SONETO DA DAMA A CAGAR


Cagando estava a dama mais formosa, E nunca se viu cu de tanta alvura; Porém o ver cagar a formosura Mete nojo à vontade mais gulosa!

Ela a massa expulsou fedentinosa Com algum custo, porque estava dura; Uma carta d'amores de alimpadura Serviu àquela parte malcheirosa:

Ora mandem à moça mais bonita Um escrito d'amor que lisonjeiro Afetos move, corações incita:

Para o ir ver servir de reposteiro À porta, onde o fedor, e a trampa habita, Do sombrio palácio do alcatreiro!



SONETO DO PRAZER MAIOR


Amar dentro do peito uma donzella; Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura; Fallar-lhe, conseguindo alta ventura,

Depois da meia-noite na janella:

Faze-la vir abaixo, e com cautela Sentir abrir a porta, que murmura; Entrar pé ante pé, e com ternura

Aperta-la nos braços casta e bella:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos, E a bocca, com prazer o mais jucundo, Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:


Vela rendida enfim a Amor fecundo; Dictoso levantar-lhe os brancos folhos; É este o maior gosto que há no mundo.



Ó FORMOSURA!

Piolhos cria o cabelo mais dourado; Branca remela o olho mais vistoso; Pelo nariz do rosto mais formoso O monco se divisa pendurado:

Pela boca do rosto mais corado Hálito sai, às vezes bem asqueroso; A mais nevada mão sempre é forçoso; Que de sua dona o cu tenha tocado:

Ao pé dele a melhor natura mora, Que deitando no mês pode gordura, Fétido mijo lança a qualquer hora:

Caga o cu mais alvo merda pura; Pois se é isto o que tanto se namora, Em ti mijo, em ti cago, ó formosura!

 
 
 

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